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8.21.2018

Por que estão sempre a atirar tudo para o chão?

Irene, pára. Irene, não! Não, Irene! Pára, Irene. Já chega. Irene, vá lá. Não ouviste a mãe? Só podes estar a gozar. Por que é estás a fazer isto? A mãe não vai apanhar mais vez nenhuma [mãe apanha]. Irene, pára com isso, pára! Que chatice!

Até fiquei enervada só de me lembrar. Isto era quando a Irene ainda só tinha meses e tinha a "mania" de atirar tudo para o chão. Aliás, depois vim a aperceber-me que não é "a Irene", são todos! É um passo de desenvolvimento tal como gatinhar e andar, o de atirar coisas para o chão. 


Com isto, eles estão a aprender (li neste site e em mais uns quantos para confirmar): 

- Usar as mãos; 

- Perceber o que acontece ao objecto quando cai; 

- Medir distâncias;

- Testar as suas aptidões; 

- Perceber a relação de causa-efeito (através do barulho, a reacção dos pais, etc); 

- Interagir socialmente;

- Etc. 

Se é irritante? É. Já vi até mães - mais espertas que eu - a, nalgumas alturas (tipo restaurante), terem os brinquedos presos por um fio para não terem sempre que se baixar (ahah). Foi um daqueles momentos "Quem me dera ter pensado nesta porraaaaa!". 


A Irene aqui com um ano e 2 meses :) 


Por isso, se já se tiverem passado com eles por fazerem isso... é normal. Foi a reacção que eles tiveram vossa (a Irene teve uma mãe muito muito enervada com isto, mesmo "passada da cabeça"!) mas agora que já compreendem porquê - caso não tenham tido a ideia de ir saber o motivo - podem mudar a vossa postura com maior empatia ou até para um segundo ou terceiro ou décimo filho ou dar aquele toque a uma amiga receptiva e que vos dê espaço para falar (só para não ser mais um daqueles bitaites que vai deixar a malta nervosa). 

Sei que estou muito focada na alimentação. Ainda ontem ou lá quando foi falei naquelas colheres "a mais" que damos quando eles dizem que não querem mais, mas acho que já esgotei a minha inspiração para este tema, não se preocupem. Amanhã vou falar de auto-caravanas (acho que não haha).

Mais posts sobre o tema "alimentação" de ambas, aqui nestas palavras a laranja e que se chamam links (eu sei, estou a brincar).



7.11.2018

Tenho de esconder o meu whatsapp da Irene, rapidamente!!!





A Irene leu hoje a sua primeira palavra! 😁😁


Chamou-me à sala, onde estava a olhar para o meu ecrã de computador e disse: "BIÓ".



Olhei e realmente vi lá "Bio" escrito (estava a fazer as compras de legumes da semana). Perguntei-lhe como sabia e ela respondeu "juntei as letras B-I-Ó".



Tenho uns cartões de letras "montessori" que permitem que ela toque nelas e que passe o dedo pela textura, mas é a Irene quem as traz para as brincadeiras, sendo que estão sempre à disposição na prateleira mais acessível da estante.



Não quero estimular o desenvolvimento da minha filha com vontade que ela seja um génio, não quero que ela seja mais avançada que os outros, não faço questão nenhuma - antes pelo contrário - que entre para a primária já a saber ler (acho que as crianças têm tempo para isso e timings de maturidade também). Vou acompanhando as curiosidades dela, apenas... Tenho uma amiga cujo filho é sobredotado e aprendeu a ler e escrever com 3/4 anos "sozinho" (és tu, Marta, sim ;))- são casos diferentes em que os pais terão de ter muita força para encarar todos os desafios que lhes irão ser propostos ao longo do tempo. 💪



Mas hoje fiquei radiante e orgulhosa. Porque a Irene juntou três letras e leu-as. A primeira palavra lida da minha filha foi BIO 🤣



(tenho de esconder o whatsapp da bicha, começa a ficar perigoso!)


8.21.2017

A minha filha não diz nadica de nada.

Se fosse filha de primeira viagem, ai se fosse filha de primeira viagem, já teria ido com ela a uma terapeuta, a um otorrino, à bruxa, mandar lançar os búzios, para ver se estava tudo bem. 

Mentira. Com a Isabel sempre fui muito do relax também, no que aos timings de desenvolvimento dela dizia respeito. Nunca tive grande pressa para nada. Via-a feliz, não notava problemas ou dificuldades à primeira vista e esperei sempre. Andou bem mais tarde do que a prima - que tem um dia de diferença -, que começou aos 9 meses. Ela lá começou aos 15 (? confesso que não me lembro) mais que a tempo e super confiante. Quando foi, foi. Não tive de lhe sacar das mãos nem empurrar para que andasse sozinha. Quando reuniu tudo no cérebro dela e se sentiu confiante, deu os primeiros passos.
Com a Luísa, vou notando algum desejo em algumas pessoas de que comece a falar. (avó Béu, estás aí?) "Então ainda não diz nada?" Não. "Mas já não devia dizer?". Devia, devia recitar já. Calma. Tem 14 meses.

Diz olá - há alguns meses; diz uma espécie de "adeus" - adê; diz "dá". E é isto. Disse "mamã" uma ou duas vezes até hoje e - giro - foi quando o pai a tentava adormecer. "Estou em apuros! Não quero este a adormecer-me! Mamãaaaaa!!!" Espertinha. Já disse qualquer coisa como "papá", mas nada muito consistente nem repetido. 

E então?! 

Vamos a ter calma. Nem está a ser pouco estimulada, nem está atrasada ou é preguiçosa (e se for, terá ajuda, a seu tempo). É a Luísa. E a Luísa é uma macaca, adora trepar tudo, dança muito, é muito física e deve andar mais concentrada nessa área. Um dia destes, começa a disparar palavras que nunca mais cala.
É verdade que já percebeu que apontando e fazendo "aaaaa" quando estamos a beber água, terá água. Ou que quando não quer algo, agita a cabeça como quem diz não. Aponta para a fralda quando tem cocó. Procura-me quando quer maminha e aponta, escolhe que mama quer. Corre, pede colo, pede comida com gestos e estalidos. Quando se magoa, aponta para a zona que magoou e faz um "oh" e dá um beijinho e pede um beijinho. E lá nos vamos entendendo.

Porque acho que a estimulo o suficiente?

Porque, apesar de me recusar a não lhe dar os objectos pretendidos sem que ela os tente nomear - como já vi várias pessoas sugerirem,
  • canto para ela
  • quando aponta para algo, nomeio sempre o que ela quer; aliás, faço disso quase um jogo, com os objectos na mão: queres a taça? ah! queres água?! Á-G-U-A
  • digo as palavrinhas bem ditas e não como ela diz "adeus" é "adeus", não digo chicha nem nada do género (apesar de usar, além de "carro", "popó", com a Isabel, e "memé", e ela saber muito bem dizer "carro" ou "ovelha"). 
  • falo bastante com ela, explico-lhe o que estou a fazer e o que vou fazer, ou como me sinto
  • deixo-a ver videoclips infantis e ouvir músicas infantis 
  • conto-lhes histórias (só agora consegue ouvir uma até ao fim, ao contrário da irmã, que ficava atenta desde os 8-9meses).

Como a Isabel, mesmo estando na escola desde os 6 meses, não foi muito mais precoce que a Luísa a falar, não me preocupo mesmo nada. E agora é uma gralha e expressa-se bem, faz frases grandes e condicionais, usa palavras como "experimentar", por exemplo, o que para 3 anos não é nada mau. Também diz "mais maior" e coisas do género, claro. Tudo normal. :)


Por isso, gente que anda para aí a remoer-se toda por dentro porque os filhos ainda não falam, muita calma nessa hora.

Se acham que já ultrapassam o intervalo de tempo expectável, então sim, não perdem mesmo nada em procurar a opinião do pediatra e de um terapeuta da fala (ou se, até aos 3 anos, além de não falarem, não engolirem sólidos, ninguém entender o que dizem, babarem-se excessivamente, gaguejarem muito, aqui como eu, entre outras coisitas*). Às vezes mais vale excesso de zelo e detectar algum problema numa fase precoce, porque mais facilmente evoluem, do que esperar pela escola para resolver.

Susana Cabaço Fotografia
Site aqui.

Roupa Zippy 


*não sou terapeuta da fala nem nada que se pareça, é só informação que fui lendo.

 
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7.05.2017

Pais, dêem mais espaço ao brincar!



O amadurecimento do sistema nervoso e os estímulos ambientais permitem que o bebé, ao longo do primeiro ano de vida, adquira um progressivo domínio do seu corpo e se comece a relacionar com o meio que o rodeia. Esta fase é muito importante para o desenvolvimento psicomotor.

A estimulação precoce nos primeiros anos de vida do bebé é fundamental para o seu desenvolvimento e nesta fase é a família que tem um papel mais importante. Verifica-se, por variadas razões, que os pais têm menos oportunidade de tempo para interagir e brincar com as suas crianças. Desta forma é muito importante que a família brinque e interaja com o seu filho, proporcionando um meio rico e diversificado de experiências para que este aprenda e se desenvolva de uma forma harmoniosa. Os pais devem conhecer e experienciar o desenvolvimento psicomotor e efetivo-emocional dos seus filhos respeitando seu ritmo individual e propiciando o desenvolvimento das suas potencialidades/capacidades.

Como cita Brazelton, “os estados de desenvolvimento são particularmente importantes para a compreensão da interação na infância, uma fase em que as necessidades e as capacidades se alteram muito rapidamente”. Em especial os bebés prematuros necessitam de uma especial atenção através de experiências psicomotoras adequadas às suas necessidades, para que consigam atingir adequadamente a maturação do sistema nervoso central.

Por outro lado, surgem no mercado inúmeros materiais de apoio à infância como cadeiras e outros apoios para posicionamento das crianças cada vez mais variados e sofisticados. Alertamos para o facto de que, se as crianças se limitarem a todos estes apoios, que reduzem a exploração do espaço envolvente e o brincar, pode resultar num impedimento ao desenvolvimento adequado. Por esta razão, deve-se colocar a criança num espaço amplo e seguro para que esta explore o ambiente que a rodeia, promovendo desta forma o rebolar, rastejar, gatinhar e a marcha.

É no brincar organizado e estimulante que a criança se torna mais autoconfiante e criativa, ou seja, ganha as competências necessárias para lidar com os desafios do dia a dia. Devem então os pais serem incentivados a brincar com os seus filhos de uma forma conhecedora da respetiva etapa de desenvolvimento, proporcionando um brincar direcionado para a aquisição de competências.

Fisioterapeuta Maria João Mendes
Terapeuta Ocupacional Sandra Nobre

Colaboração:
Happy Move


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6.20.2017

21 brinquedos para cada fase da criança

Brincar é das coisas mais importantes da primeira idade - e das que se seguem. Cada vez mais os pais e os profissionais de saúde estão atentos à relevância de, mais ainda do que lhes dar brinquedos adequados à idade, estimulá-los, dando-lhes oportunidade de crescerem saudáveis e felizes. Estar com eles, dar-lhes tempo para brincarem connosco e sozinhos, é fundamental. Mas como escolher os melhores brinquedos para as respectivas fases?

Falo-vos da minha experiência com duas crianças de 1 e 3 anos, numa casa em que tentamos que não haja excessos: abusamos em livros, mas brinquedos achamos melhor apostar em dois ou três bons e didácticos para cada fase do que exagerar, amontoar e acabarem por ficar todos a um canto.

1 mês

Não vejo necessidade de lhes dar brinquedos. Colo, mimo, canções de embalar são mais do que suficientes.

2 - 3 meses
Já começam a ter algum interesse por alguns brinquedos, como rocas, bolas ou guizos, gostam de ter algo para agarrar no banho, por exemplo, gostam de mobiles (na Luísa não usei), mas o melhor brinquedo continua a ser os pais - preferem caretas, vozes diferentes, sorrisos, músicas, embalo ou danças, beijinhos ou cócegas no corpo.


4 - 7 meses

Nesta fase já brincam com as mãos e os pés, já começam a querer rebolar para buscar brinquedos, já vêem as cores e têm noção da bidimensionalidade, já passam objectos de uma mão para a outra, já têm maior motricidade fina e começam a querer sentar-se.
É também quando habitualmente começam a nascer os primeiros dentinhos e quando começam a descobrir o mundo através da boca. Brinquedos de plástico, mordedores, bolas e brinquedos que se empilhem ou encaixem começam a ser interessantes, assim como livros apropriados para a idade. A hora do banho pode ser das mais divertidas, por isso uns patinhos de borracha (cuidado para não ficarem com água e ganharem muita sujidade) vêm sempre a calhar.





8 - 12 meses
Além de continuarem a gostar de brincar com tudo o que foi anteriormente mencionado, começam a ganhar maior destreza motora, a gatinhar, a querer ir atrás mas também a perceber como funciona o encaixe (adoro ver a Luísa toda feliz a "arrumar as coisinhas" dentro das caixas em vez de ser só mandar tudo ao ar, como era até então eheh). Brinquedos de empilhar ganham agora outro significado, assim como todos os que tenham sons e luzes (confesso que sou um bocadinho alérgica a esses, por me cansarem de sobremaneira e alguns têm volume tão alto, credo!), mas eles costumam gostar mais ainda se imitarem objectos que já conheçam: telemóveis, telefones, tablets (se forem os dos pais, ainda melhor hehe). A prenda de aniversário da Luísa escolhida e oferecida pela Isabel foi um tablet com sons, formas, bonecos e cores (e música, muita música!).








1-2 anos


Noto que a Luísa (1 ano acabado de fazer) começa agora a achar piada a livros, apesar de sempre os ter tido à disposição. Ao longo deste ano muita coisa muda, claro: começam a andar e a gostar de puxar bonecos à frente e atrás, carrinhos de bebé, começam a querer pintar (há aquelas digitintas muito giras), brincam com bonecos, peluches, carrinhos, começam a reproduzir o que vêem e as dinâmicas familiares, gostam de plasticina caseira (da outra acho que só me arrisco mais próximo dos dois anos para não ir parar à boca), o leque de brincadeiras aumenta que é uma loucura. É quando brincam com Lego (adoro!), quando começam a achar muita piada às bolinhas de sabão e a tentar soprar e estar dentro de uma piscina de bolas então é como ir à Eurodisney.




2 - 3 anos

Bem-vindos ao hospital, a casa, à escola, às compras. Nesta idade, eles já fazem as vozes das diferentes personagens, já constroem histórias e realidades e é uma delícia vê-los brincar com tanto simbolismo (e brincar com eles). Carros dos bombeiros, máquinas registadoras, carrinhos de bebé, vale tudo. Esta é também uma boa idade (não que as anteriores não sejam já) para lhes dar uns instrumentos musicais (cá em casa há um órgão do Frozen) e para apostar em puzzles mais elaborados, assim como experimentar o triciclo, a bicicleta...
Livros, contos e jogos didácticos são também boas opções, mas sabem o que também é bom? Dar-lhes objectos simples do quotidiano e deixá-los imaginar e inventar histórias e acções. Menos é, muitas vezes, mais.




Espero que tenham gostado :)


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6.13.2017

A Luísa já anda (e é uma emoção tão forte quanto a da primeira filha!)

Foi no fim-de-semana no Vale do Rio que a Luísa ganhou coragem para dar os primeiros passinhos. Depois de um passeio no bosque encantado, enquanto a Isabel dormia no quarto, tentei adormecê-la, mas estava demasiado excitada. Agora acho que devia ser o cérebro dela em curto circuito, a preparar-se para a grande aquisição! Aliás, nesse dia nem fez sesta à tarde (acho que a primeira vez num ano) tal era o entusiasmo. Já andávamos a reparar que queria estar sempre em pé a andar, agarrada à nossa mão, com uma ou duas mãos.

Nessa manhã tinha treinado muito muito com a melhor amiga  














A fingir que está triste para a irmã lhe ir dar mimo! Esperta <3














E foi nessa tarde, no quarto, com alcatifa, que lá ganhou coragem e se soltou da cama e andou uns passinhos, com os meus gritinhos histéricos q.b. Claro que adorei, abracei-a e fiquei emocionada. Depois continuei a treinar com ela "vem à mamã, vem à mamã, isso, isso, boa filha!". Ali, só as duas, enquanto a mana e a avó dormiam no quarto ao lado. Não quis quebrar aquele momento só nosso com telemóveis e mais ruídos, desfrutei. Depois, na relva, novas tentativas, ninguém a filmar. Não faz mal. Lá pedi ao meu irmão e ele filmou um bocadinho, já ela mais cansada e menos passinhos. Mas fica para mais tarde recordar. 10 de junho de 2017, o dia em que a Luísa andou pela primeira vez sozinha. 1 ano e 10 dias. 

Agora já se levanta sozinha e caminha e, se cai, não se atrapalha e recomeça. Há momentos em que não lhe apetece e pede ajuda. E assim será, sem pressões, até estar totalmente confiante (espero que não apanhe grandes sustos!). 

É aquele marco por que todos esperamos, a partir do qual se acaba o descanso (mas qual descanso, gente?!, que a miúda já parecia uma bulldozer a gatinhar e a levar tudo à frente, a subir e descer escadas sozinha e mesas e cadeiras?), em que eles deixam de ser cada vez menos nossos e ganham cada vez mais autonomia. Só vos digo: é uma emoção tão forte quanto a da primeira filha.


Vestido e calções Lanidor
Body Luísa - Honey Baby
Sapatos Hierbabuena

(Nota para quem tem filhos na mesma fase: os sapatos não são os mais ergonómicos para esta fase da Luísa, mas não resisto em vê-las de igual; 80% do tempo anda descalça, 10% de meias antiderrapantes e 9% com sapatos com reforço no calcanhar e mais flexíveis, mais apropriados)

 

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9.08.2016

Qual a relação entre sucção, linguagem e fala?

A Diana Lopes, terapeuta da fala (e uma querida), está de volta para nos ajudar a perceber como é que está tudo interligado ;)

"Vamos dar uma grande volta para chegar ao veredicto da questão minhas queridas mamãs, lá terá que ser!
São diversas as conversas por aqui sobre amamentação/alimentação e o certo é que para realmente perceberem que não estão sós, a alimentação é um dos aspetos que assombra qualquer mãe, em qualquer cultura.

Ao longo de um dia de consultas (6h -20h) são várias as crianças com quem brinco no meu pequeno espaço em Luanda (ou Lisboa). Desde angolanos (óbvio - porque passo a grande maioria do meu tempo como expatriada em Angola), portugueses, ucranianos, ingleses, chineses e vietnamitas. E não é que todas as mamãs, em alguma fase do acompanhamento em terapia da fala, queixam-se que os filhos não querem comer?

Tenho desde os que começam por comer funge com calulu ao pequeno almoço (matabicho, como apelidam aqui) aos que se deitam só com um pedacinho de pão no bucho.

A verdade é que todas as crianças (tal como nós, adultos) são inconstantes na hora da refeição.  Uns dias acordamos cheios de fome, capazes de comer um boi sozinhos, outros passamos bem com meia torrada e um chá.



O mesmo acontece com os bebés, uns dias acordam cheios de fome, estando despertos para mamar, outros desinteressam-se e adormecem. E agora vocês, meus bebés, digam de vossa justiça se não é uma maravilha adormecer na mama da mamã? Por gostarem tanto é que nem sempre é fácil garantir que comem de três em três horas e que mamam a quantidade suficiente. Quando acontece o bebé adormecer, as mães falam com o bebé, despem-no, mudam-lhe a fralda, apertam-lhe a mão ou o pé, as bochechas, … fazem tudo para que ele desperte. Depois aparecem as negras questões, será que ficou satisfeito com aquilo que mamou? Será melhor dar-lhe também o biberão? Tudo faz parte de uma aprendizagem a dois. Tanto a mãe como o bebé têm de ter tempo para se conhecerem cá fora.

No caso da amamentação esta é feita de avanços e recuos, todos os bebés mamam uns dias melhores e outros dias pior. Como os adultos, uns dias comemos melhor outros dias comemos pior, só difere a idade. Temos vontades e dias e dias! Também os bebés nem sempre estão interessados, não demoram o mesmo tempo, nem mamam a mesma quantidade de leite. Não há uma regra específica!

Cada bebé é único, tem gostos e vontades próprias. Desde cedo que o bebé reage, dando-nos respostas próprias, mostrando que tem um tempo próprio e começa a definir a sua personalidade. Não há um bebé igual e por isso cada um mama da sua forma e à sua maneira. É difícil definir a hora a que aquele bebé tem fome, se mama muito ou pouco, se demora mais ou menos tempo naquela mamada.

Para perceber como mama cada bebé, é preciso conhecê-lo. Para isso é preciso dar tempo, ser corajoso e ter muita paciência, criando várias oportunidades para o bebé se alimentar.

Mas, um aspecto é regra, todos os bebés nascem com características próprias que os ajudam a sugar. A sua face é pequena, as bochechas são “almofadas” (sucking pads, termo pomposo), o nariz é arrebitado com as narinas mais largas e o queixo é para trás. Desde o primeiro minuto de vida, quando a mãe põe o bebé encostado ao peito, ele imediatamente procurará a mama sendo capaz de abocanhá-la e começar a sugar.

Todos os bebés nos dão pistas ou sinais para percebermos quando estão ou não preparados para começar a sugar, quando querem continuar ou parar. Só precisamos de estar atentos e saber identificar bem esses sinais, respeitando o ritmo do bebé. Seguir os sinais do bebé, ir atrás dele, é quase sucesso garantido!

Por vezes, algumas mães têm a difícil tarefa de tomar a decisão de amamentar ou dar biberão. É sabido que a amamentação traz muitos benefícios (já aqui referidos em alguns artigos pelas Joanas) para a mãe e para o bebé.

Então, como sabemos se o bebé suga o suficiente na mama? Cada vez que mama, se eliminar fezes e se a relação entre o comprimento e o peso estiver adequada, sabemos que está a crescer bem. Quando o bebé está a ser amamentado pela mama da mãe não é aconselhável dar o suplemento pelo biberão, pois ele pode fazer confusão entre o mamilo e a tetina, e recusar a mama porque é mais fácil sugar no biberão do que na mama. O leite pinga instantaneamente, sai mais quantidades cada vez que o bebé suga e ele faz menos esforço para obter o alimento. No entanto, há mais perigo de o bebé se engasgar, pois não controla o leite que vai para a boca, tendo de ser adaptar. Na amamentação o bebé faz mais esforço, há um trabalho muscular mais intenso e só obtém alimento quando suga com eficácia. Também controla melhor a quantidade de leite que sai, tendo menos possibilidade de se engasgar. Há uma melhor coordenação do sugar, do engolir e do respirar (coordenação sucção/deglutição/respiração, mais termos pomposos). Após experimentar o biberão, é natural que o bebé prefira o biberão e haja perda de interesse pela mama, pois é mais fácil obter mais alimento pelo biberão do que pela mama, dá menos trabalho.

A sucção é uma das primeiras funções da boca e a mais exigente de todas. Sugar é a forma que o bebé tem de se alimentar porque é mais fácil sugar do que beber pelo copo, comer à colher ou mastigar. A dificuldade está em ter de coordenar as várias funções ao mesmo tempo, o sugar, o engolir e o respirar (sucção/deglutição/respiração). E isso acontece tanto na mama como no biberão. A sucção permite o crescimento da face, do maxilar inferior, adequa o movimento, o tónus e a força da língua, dos lábios, das bochechas e do palato (céu da boca). Também prepara os músculos da face para quando chegar à altura do bebé começar a comer as primeiras papas e sopas com a colher, beber líquidos pelo copo e mastigar alimentos mais duros.

Sabemos que na amamentação o esforço de sucção do bebé é maior, tendo de ter mais força muscular, usando mais músculos para extrair o alimento. É uma sucção mais completa quando comparada com a sucção no biberão. A amamentação permite ainda ao bebé respirar bem pelo nariz e futuramente há uma probabilidade menor de a criança usar a chucha, pôr o dedo na boca e roer as unhas. É como se mamar na mama já satisfizesse essas necessidades.

Nas crianças que sugam no biberão é fundamental que o furo da tetina seja pequeno, tentando que o bebé puxe e exerça mais força nos músculos, como quando faz na amamentação.

Os músculos orais que o bebé usa quando suga, serão os mesmos que irá usar para falar. A sucção tem também a função de preparar os músculos do bebé para falar. Um bebé que mama bem, tem mais possibilidades de respirar melhor, de desenvolver a sua fala e linguagem de forma mais harmoniosa, bem como de aprender a ler e a escrever com maior facilidade.


Nunca se esqueçam que cada bebé é um bebé. Quando se tem de recorrer ao biberão é importante que a tetina tenha um corte pequeno para o bebé exercer a mesma força muscular no biberão que exerce na mama. Já me estou a repetir, eu sei :)"